quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Doce tempo


Pego um cigarro, acendo, ando pela casa a procura de ar. Deito no sofá, ligo a tv, procuro algum canal, desligo e volto a andar. Coloco um shorts velho e vou lavar o jeep, canto uma canção enquanto tento achar que te esqueci.
Então tento me consolar, falo comigo entonando um certo ar de saber. Um saber ignorante e ilúsorio. Como posso eu declarar a mim mesma que te esqueci? Se a cada mínimo detalhe eu penso em ti. Se o cigarro era pra te esquecer, no fim das contas foi quando eu mais te adorei. Se deito no sofá pra me distrair, é bem nele que você ecoa em minha mente.

Posso mesmo te esquecer? Se por cada segundo você está dentro de mim.
Se lembro do teu olhar, me vejo dentro dele. Como posso te esquecer se estou presa dentro do teu olhar?
Como posso acreditar nessa mentira? o esquecimento.
Não existe nada mais improvável do que isso. É provável eu acordar e fazer tudo ao contrário, fugir do que sinto e fingir que nem te conheci, negar você dentro de mim. E conforme te nego, me nego junto, porque você está dentro de mim, bombeando meu sangue a cada decisão que faço. Porque você me trouxe algo único, especial, para que eu não morresse da mesmice, fazendo com que eu me sinta viva. Fazendo meu sangue correr pelas veias, o coração bater acelerado.
Posso passar o dia bloqueando meus pensamentos. Acreditando que foi melhor assim e que o destino nem existe. Que no fim das contas tudo é feito pra acabar, meras coincidências.

Mas você existe e eu existo. E existe o sentimento por trás disso, existe o pensar, o agir, a saudade, a vontade, a dúvida, a sintonia, o apego, as almas.
Eu realmente posso esquecer? Esquecer algo que faz parte de mim? Esquecer algo que me inspira? Que alimenta minha vida?
Eu existo, eu respiro, eu ando, eu escrevo, eu questiono, eu quero, eu amo, e faço tudo isso enquanto te admiro. Se cada ação minha é movida por tua alma, e tua alma mesmo distante me faz um bem danado, o que mais posso querer?
Porque o tempo existe para acalentar e não para afobar. Então eu olho no relógio, já é tarde e o sono já chegou. Eu deito, me encolho e espero como uma criança espera um doce do pai, espero sem saber se virá, mas o esperar me faz feliz.

5 comentários:

Daniel Monteiro disse...

Esquecer é fugir, esquecer é deixar... Lembrar é reviver e reviver é aprender com erros e acertos... Logo, nada como o tempo, criador de todas as lembranças, e o passar dele, para conseguir ligar com tudo, mesmo as piores sensações...

Maynna disse...

quando algo é bom e verdadeiro, a lembrança faz a gente reviver e querer mais:D

Bruna disse...

Que texto foda!! Parabéns! :)

Thaysa disse...

Que texto belíssimo! Como todos os que você escreve.

Beijos, saudades.

Maynna disse...

Valeu Thaaaaa : DDD

Saudades também !!