quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sonhos


Já era madrugada quando deitei-me e dormira profundamente - como um trabalhador exausto após um dia de esforço, entrei num sono profundo e num sonho que definitivamente não foi mais um sonho. Seria uma memória de outra vida? Uma premunição? Ou apenas imaginação do cérebro?
Passara o dia anterior questionando o porquê do EXISTIR.
E é uma questão que nunca vai me calar. Posso estar velha, modorrenta e esperando a morte sentada numa cadeira de balanço, assistindo a vizinha gozar sua juventude, seus namoros, suas confusões e suas inquietações. Eu vou olhar para o mais obscuro de mim e questionar – Por que eu passei a vida toda querendo saber perguntas a quais jamais teria a resposta. Perguntas frustrantes. Perguntas que não querem calar e muito menos ser respondidas. Seria otimismo demais dizer que estou ótima e que a vida é extremamente maravilhosa e me completa como um sonho. Utopia.

Resgato meus maiores monstros e infernizo-me angustiosamente, remoendo tudo que está borbulhando, querendo sair, querendo RESPOSTAS. Mas que respostas seriam estas?
Fico inquieta, suando frio e totalmente cética. E o ceticismo que ao mesmo tempo me acomoda -por afirmar que não se pode obter nenhuma certeza a respeito da verdade. Me sufoca deixando a vida tão objetiva e prática que me faz perder o tesão e o sentido de viver.

Não consigo acreditar por inteiro em nada e muito menos acreditar por inteiro quando o assunto é RELIGIÃO. Pelo contrário, questiono buscando a verdade absoluta e a essência da vida. Infelizmente até hoje não achei nenhuma resposta que pudesse me rejuvenescer suficientemente para viver SATISFEITA.
Maynna Delle Donne

terça-feira, 19 de maio de 2009

A bailarina fumante


"Era como se naquele momento as cores tivessem paralisado, eu olhava fixamente o abajour meia luz e diante de uma garrafa de uísque eu imaginava minha vida. Uma linda boneca de vestido volumoso e vermelho, cheio de renda, olhava fixamente para mim.
Uma bailarina a qual eu conhecia há tempos pela sua magia e mistério, a impressão a qual ela me passava era que a qualquer momento ela fosse possuir vida humana e sairia a dançar pelo meu quarto...
Eu fumava desesperadamente um cigarro que secava minha boca e me deixava inquietamente com sede do uísque que eu tanto fitava com os olhos - olhos que já não sabiam o que procuravam....
A madrugada estava fria e dentro de um quarto mórbido a solidão era apenas psicológica, pois sabia que a boneca estava sempre presente, conversavamos horas e horas sem parar e as vezes ela me pedia um trago, ... mesmo morta ainda sofria amargamente o vício a ponto em que se me visse ao longe fumando, disparava a dançar pelo quarto até que eu a notasse....."
Maynna Delle Donne