domingo, 27 de maio de 2012

estar lá, apanhá-las, senti-las e vivê-las

E então eu deitei sozinha. Chorei. Procurei. Me perdi. Eu tinha todas as sensações afloradas e todo medo do mundo de senti-las. Parei, calei, observei e criei uma realidade minha, um mundo onde eu buscava ser forte e inatingível. Um mundo solitário.

Eu queria poder ser alguém. Ter um valor qualquer. Ser e estar. Sentir o porque de tudo. Eu queria ir no âmago. Eu não tinha medo se isso ia me ferrir. Eu pagava pra ver. Eu queria me destruir, me afundar, me despedaçar, eu queria mostrar o meu lado obscuro. Eu queria demonstrar e conhecer o meu pior, pra poder entender meu melhor.

Me sentia tola. Me sentia perdida. Me sentia em eterna busca. E não sabia o que tanto buscava. Eu era um ponto de interrogação.

E então eu chorei baixinho, gritei em silêncio, rasguei minha alma em pedaços. Me senti vazia. Queria um abraço, queria sentir a sensação de um olhar invadindo meu peito. Queria uma alma que me fizesse acreditar em sonhos, em poesia. Queria não querer. Por vezes o querer zombava com a minha cara.

E então eu senti um nó na garganta e uma vontade de mergulhar dentro da imensidão do desconhecido. Um frio na barriga surgiu acompanhado de um calafrio e uma vontade de renascer, reiventar, fugir da realidade.

E então eu fiquei no escuro por horas ouvindo a chuva e todos aqueles barulhinhos que ela trazia, chorei em silêncio, sozinha. As lágrimas escorriam quentes pelo meu rosto enquanto eu procurava a metade de mim que havia perdido.

E eu que de tanto querer estava ali me perdendo entre todos os sentidos.

Engoli seco, o coração acelerou, a mente saiu a procura e nada encontrou. E foi dai que eu percebi que havia me deparado novamente com o vazio. O vazio da alma humana.

Um vazio triste e introspectivo. Cheio de lágrimas doloridas e choros inacabados. Um vazio de uma dor latente. Uma dor antiga e que voltava a me atormentar. A dor de quem procurava tanto que acabava não achando a si próprio.

Eu queria sentir minha alma em paz, eu queria dormir quientinha, eu queria colo e afago, mas não sabia querer, não sabia demonstrar. Era chucra, fechada e introspectiva, e ao mesmo tempo intensa e extremamente passional.
Eu era do avesso.
 
Mayna Delle Donne Néo