domingo, 25 de dezembro de 2011

Pequeno fragmento


É um desespero torturante querer. É o pior desejo que o Ser Humano pode sentir. Sempre querendo mais. Sempre sentindo esse vazio de merda que assombra a alma.

Mayna Delle Donne Néo

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Ângulo fora do esquadro


Eu sinto falta da sua luz. Sinto falta de você perto da minha alma, da sua presença que ao mesmo tempo que me arrancava o ar, estufava o peito. Sinto falta da magia incandescente. De te olhar fundo nos olhos e sentir que as leis naturais não são nada, que existe o além, e o além do além. Sinto uma falta que transforma os dias bonitos em cinzas, as alegrias incansáveis em mornas, o sentido da vida em algo sem proprósito algum.

Sei que sente cada passo, cada desejo meu. Assim como te sinto.
A distância não impede certas coisas. Não impede que se sinta, que almeje, que espere. A distância pode ser inimiga, pois arde, faz da saudade uma dor, um sofrimento calado e secreto.
Mas a distância jamais diminui aquilo que é real, que é verdadeiro, que fez o peito se sentir vivo, radiante.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Doce tempo


Pego um cigarro, acendo, ando pela casa a procura de ar. Deito no sofá, ligo a tv, procuro algum canal, desligo e volto a andar. Coloco um shorts velho e vou lavar o jeep, canto uma canção enquanto tento achar que te esqueci.
Então tento me consolar, falo comigo entonando um certo ar de saber. Um saber ignorante e ilúsorio. Como posso eu declarar a mim mesma que te esqueci? Se a cada mínimo detalhe eu penso em ti. Se o cigarro era pra te esquecer, no fim das contas foi quando eu mais te adorei. Se deito no sofá pra me distrair, é bem nele que você ecoa em minha mente.

Posso mesmo te esquecer? Se por cada segundo você está dentro de mim.
Se lembro do teu olhar, me vejo dentro dele. Como posso te esquecer se estou presa dentro do teu olhar?
Como posso acreditar nessa mentira? o esquecimento.
Não existe nada mais improvável do que isso. É provável eu acordar e fazer tudo ao contrário, fugir do que sinto e fingir que nem te conheci, negar você dentro de mim. E conforme te nego, me nego junto, porque você está dentro de mim, bombeando meu sangue a cada decisão que faço. Porque você me trouxe algo único, especial, para que eu não morresse da mesmice, fazendo com que eu me sinta viva. Fazendo meu sangue correr pelas veias, o coração bater acelerado.
Posso passar o dia bloqueando meus pensamentos. Acreditando que foi melhor assim e que o destino nem existe. Que no fim das contas tudo é feito pra acabar, meras coincidências.

Mas você existe e eu existo. E existe o sentimento por trás disso, existe o pensar, o agir, a saudade, a vontade, a dúvida, a sintonia, o apego, as almas.
Eu realmente posso esquecer? Esquecer algo que faz parte de mim? Esquecer algo que me inspira? Que alimenta minha vida?
Eu existo, eu respiro, eu ando, eu escrevo, eu questiono, eu quero, eu amo, e faço tudo isso enquanto te admiro. Se cada ação minha é movida por tua alma, e tua alma mesmo distante me faz um bem danado, o que mais posso querer?
Porque o tempo existe para acalentar e não para afobar. Então eu olho no relógio, já é tarde e o sono já chegou. Eu deito, me encolho e espero como uma criança espera um doce do pai, espero sem saber se virá, mas o esperar me faz feliz.

Flores e cores


Foi numa rua deserta
Cheia de galhos, folhas secas e muitas árvores
Que eu vi um feixe de luz bater levemente em suas costas
Senti o aroma do ar fresco da manhã, perfurmado como o cheiro da infância
Você andava por ela, com seus passos leves, passos angelicais
Você flutuava sob aquele chão doce e florido
Sorria para que eu te olhasse fixamente e lhe roubasse um beijo
E assim fiz
Eu te beijei naquela rua e meu peito flamejou
Meu coração sentiu que era aquilo o que tanto eu buscava
E todas minhas inquietações se acalentaram

Pela imaginação que me faz criar
Pelas ruas que invento
Pelo romantismo que descubro em mim
Pela paciência e por toda essa adoração a distância
Eu sinto o quanto eu te quero bem

Mayna Delle Donne Néo

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Saída de emergência


No caminho existia uma parede. Uma parede cinza e escura, cheia de buracos. Não me deixava ir, não me deixava ser. Não me deixava fluir.
No caminho existia uma parede torta, cheia de sujeira, com resquícios traumáticos e muita história enferrujada.
Não me deixava correr, embora não me quisesse ali. Me mantinha presa, calada. Sem opção de sair.
No caminho a parede estava quase se desfazendo, murcha, fria e velha. Mas continuava ali, dura, limitando minha passagem.

No caminho tinha uma janela, bonita e vistosa que acabei de construir.

Mayna Delle Donne

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Pensamento: um momento que no papel é eterno


Escrever é ânsia, é náusea, é um vômito de palavras que vem do nosso inconsciente, expande, torna-se pedaço de consciência numa folha, num bloco de notas, num blog.
Quem escreve é amargurado, é calado, sofrido. Escrever é um tiro no escuro. É um caminho sem volta. É um destino incerto. É um vício.

Quem escreve não é feliz, não tem paz de espírito. Não tem respostas. Quem escreve tá procurando, tá se perguntando. Quem escreve não tá bem. Quem escreve não sabe. Escrever é buscar. É colocar pra fora toda a lama que existe dentro da alma. Escrever é tentar e fracassar. É pensar mais do que falar. É correr de si mesmo. Escrever é um fragmento de ideia que dura segundos e se desfaz, vira passado.
Escrever é um martírio lento, acalentado, sozinho.

Escrever é deixar barreiras pra trás. É deixar com que a memória escorra da mente. É fluir. É fazer com que uma vontade dure para sempre, mesmo que naquele papel.
Escrever é ser. É estar. É eternizar sensações. Sentimentos. Dúvidas. Dores. Glórias. Amores. Paixões. Escrever é um caminho obscuro, desconhecido. Uma viagem sem volta pela mente humana e suas inúmeras complicações misteriosas.

Mayna Delle Donne

Dream


Estive num castelo essa noite.
Ahhhhh como é real estar lá. É intenso. É profundo.
As cores, as pessoas, cada detalhe vibra dentro de mim.
O mesmo sonho desde criança, o mesmo lugar, a mesma sensação.
Eu pertenço aquele lugar. Nunca pertenci a outro.
Lá é minha casa. Lá eu sou livre, sou leve, sou feliz.
Embora você ainda não saiba, você também pertence.
Sabe essa sensação de vazio que surge do nada? Essa sensação estranha perante algumas coisas, pessoas? Essa falta de encaixe com o mundo? Essa melancolia que surge sem um porquê?
Tudo isso é porque estamos no lugar errado.

Mayna Delle Donne

sábado, 3 de dezembro de 2011

Lua e luz


A noite hoje podia ser clareada apenas pela luz da lua.
Faria uma fogueira, sentaria com um copo cheio de vinho, declamaria poesias entre goles e olhares insinuantes.
Cantaria uma canção sussurada em seu ouvido.
Te faria sorrir com meu tom desafinado.
Olharia fixamente para seus olhos, prestando atenção no desenho e nos detalhes da sua íris.
E bem assim, sem pedir licença alguma, descobriria toda intensidade escondida em seu olhar.
O calor da fogueira acenderia uma chama dentro de nossas almas.
A paz brotaria em nós.
Olharia a luz do fogo refletida em sua pele, e sentiria cada peculiaridade tua.
Seus cabelos dourados brilhariam dentro da minha mente.
Tocaria sua boca com meus dedos lentamente, enquanto olhando fundo em seus olhos...desejaria que aquele momento congelasse, e o mundo paresse ali.
Bem ali, no fundo dos seus olhos.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Palavras soltas

Escrevo pra tornar a vida mais alegre. Escrevo porque quando escrevo me sinto leve, minhas dores ficam aqui no papel. Escrevo porque tenho tanto a dizer e quase sempre a voz emudece, o medo cala. Escrevo porque penso tanto, e falo tudo pela metade. Escrevo porque é meu jeito de me comunicar. Escrevo pra você saber quem eu sou, o que sinto. Escrevo para que você sinta. Escrevo para que a vida faça sentido. Para que eu tenha sentido. Escrevo porque mesmo longe, minhas palavras fazem sentido pra você.
Escrevo porque no momento que escrevo a vida parece mais doce. Porque te sinto mais perto. Porque eu me sinto menos vazia.

Mayna Delle Donne Néo