domingo, 21 de março de 2010


Sua sensibilidade às vezes a incomodava de modo que ficava parada fitando pensamentos trágicos, imaginava e sonhava, mas não na vida cotidiana, na rotina modorrenta. Queria viver como num filme, viver sem limites, desejava romper as grades, quebrar as regras.
Frequentemente gostava de receber a visita de uma fada delicada e bela, com asas azuis grandes, apaixonante.
Um mundo misterioso e mágico era apresentado a Maynna.
Era uma fada meiga e triste, que dançava lentamente ao embalo de uma sinfonia doce e dolorida, bela e trágica, calma e angustiante.
Maynna sentia aquele mundo novo entrar por todo o seu corpo.
Sentia as cores, os gostos, cada sensação nova, cada pingo de luz colorida, como uma criança que acabara de descobrir o mundo. Sentia o exctasy.

Sim, ela descobria um mundo novo, secreto. Um mundo de magia, encantado por seres desprovidos de qualquer maldade, ganância ou desdém.
Não acreditara que pudera existir tudo isto. Era assustador de tão bonito. Um universo perfeito, conhecido como utópico no nosso mundo.
E como podia ser BELO e TRISTE?
Mágico e melancólico?
Era “bonito” a simplicidade das sensações, o melancólico era um sentimento puro, ingênuo, um sentimento verdadeiro. O “triste” era bonito porque era sútil, porque alegre lhe parecia, a valsa trágica retratava as emoções mais secretas e profundas do ser humano, lindamente.
Agora ela entendera que aqueles sentimentos distintos a princípio, atraiam-se e fundiam-se num só.

A beleza de um pobre menino afagando um cão, a sombra de uma mulher chorando pelo nascimento de seu filho, o abraço desesperado de duas pessoas que se amam.
O mundo encantado era um lugar onde tudo era valorizado, tudo era permitido, a alma não ficava acorrentada, ninguém sabia o que era preconceito, estereótipo, senso comum e a utopia era algo realizável.
Por isso tudo era belo.
Por isso a tristeza era alegre.
Por isso todos eram poetas.
Maynna Delle Donne Néo