quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Ela


Ela sentia o corpo adormecer e se fechava cada vez mais. Olhava ao redor e não entendia como as pessoas conseguiam levar uma vida tão medíocre. Sentia-se sozinha. Mergulhada num mundo só dela. Questionava a possibilidade de ter vindo de outro planeta, outra galáxia. Andava pela sala sem rumo, procurando alguma alma que compartilhasse anseios, desejos e preenchesse a sua. Ela procurava dentro dela, a metade que havia perdido. Queria ser inteira. Queria ser completa. Olhava a sua volta e via tantos seres criados para agirem de determinada forma. Tentou algumas vezes se adequar, distribuiu sorrisos na hora certa, agiu de forma cordial. Mas tudo isso só a acalmava momentaneamente, logo depois olhava pra si e se perguntava sobre tantas questões. Queria saber mais, desvendar segredos ocultos, conhecer mundos paralelos. Entender a verdadeira natureza humana. Ela sentia-se sendo minada aos poucos e achava que a qualquer momento iria simplesmente se apagar. E Ela sabia que era fogueira demais pra se deixar virar fagulha. Decidiu abdicar da calma. E procurar sem medo, mesmo que doesse. Mesmo que tropeçasse. E que voasse.

Hoje Ela levanta, coloca a alma pra passear, sente o vento e não tem medo se vai chover. Porque um banho de chuva não é nada mal. Porque hoje ela só quer sentir. E se fizer sol, ela deixa ele atravessar suas moléculas. Deixa o calor esquentar a alma. E dai percebe que não tá sozinha. Que todo o universo faz parte dela. E que ela é o universo.

Mayna Delle Donne Néo

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