domingo, 5 de dezembro de 2010

Tempo


Porque tanta procura, porque tanta inquietação. Tic.

Me pergunto insistentemente porque não nasci barata. Tac.

Porque saber que se tem um fim, é a pior angústia de existir. Tic.

São as horas passando que me sufocam, sussuram: -a jornada é curta. É cruel. Tac.

Não existe subterfúgio, nem cordialidade, não é nada ameno. Tic.

Me trás o medo e o pavor de não arriscar tudo que posso. Tudo que devo. Tac.

Flores. Pássaros. Relva. Soluço. Silêncio. Neblina. Vento. Mar. Aurora. Tic.

Tanta poluição. Tanta buzina. Tanta fumaça. Tanta desgraça. Tanto farol. Tanta tecnologia. Tanta gente, que não se consegue enxergar mais ninguém. Tac.

Tanta tecnologia criada para não desperdiçar tempo. E não tem tempo para viver. Tic.

Pra onde caminhamos? Pelo que lutamos? Quem amamos? Pra onde vão todos esses soldadinhos invólucros? Tac.

Despidos de vida, de cor e dor. A sensação é única. O auge é o fim. Rezamos e suplicamos pelo final. Tic.

O término da infância. O fim das espinhas. A faculdade concluída. O fim da corrida. O fim da luta. O fim do fim? Tac.

Se é por este mísero fim, que marchamos estupidamente para morte, acreditando ir para o paraíso. É então, um maldito fim. Tic.


Mayna Delle Donne Néo

Um comentário:

Pedro disse...

"Não existe subterfúgio, nem cordialidade, não é nada ameno. Tic."
hmm..

Já parou para pensar que até mesmo a angústia, o medo, a raiva também podem ser subterfúgios?
E que passivamente reclamar e questionar o status quo é como berrar para alguém que está gritando?

Sei lá, me amarrei no seu blog(!), mas foram questionamentos que me vieram à cabeça conforme fui lendo.
=]

Ah, puutz, Sandman é FODA!
Cê vai se amarrar no "Sandman - Mystery Theatre"!
Té breve.